“É uma proposta de morar diferente, é a identidade brasileira com raízes nordestinas, preocupada com a melhor implantação do projeto no local; respeito à natureza, reverência ao sol, à ventilação, à natureza.”
Um dos grandes orgulhos nordestinos foi concebido em Parnaíba, no Piauí, seu nome é Gerson Castelo Branco e já completa mais de 40 anos de profissão, profissão: Arquiteto, e não qualquer arquiteto, um arquiteto autodidata, o qual em muitas publicações o chamam de "designer", o que eu não acho que o faça jus.
Gerson diz que sempre em seus trabalhos ele imprime o seu próprio estilo, o que, pra mim, segue um padrão bem específico. Seguindo seu estilo, ele está entre os 50 melhores do mundo, segundo Oscar Niemeyer.
A sua carreira se deu início, sem-querer-querendo, aos 14 anos de idade, quando a família já havia se mudado para Fortaleza, Ceará. Nessa época, ele descobriu a sua grande habilidade de reproduzir e desenhar em perspectiva, desde então tomou gosto pela coisa, e depois de prestar por duas vezes o vestibular para o curso de arquitetura, acabou entrando na Universidade de Belas Artes na Bahia, a qual não foi concluída.
Já trabalhava informalmente em um escritório de arquitetura. Tornou-se autodidata e em seguida "virou hippie", pôs o pé na estrada, visitou a Cordilheira dos Andes, adentrou a selva amazônica, conviveu com tribos indígenas e ficou totalmente sem dinheiro - como era de se imaginar -. Ele comenta que "A vivência dos povos andinos foi uma experiência transcendental; me deixou com outros hábitos. Quando regressei ao Brasil, já não conseguia morar na cidade nem entendia a ostentação arquitetônica de muitas casas. Vivemos numa incoerência absurda, com arquitetura e européia e necessidades de um país tropical. Essa experiência me fez buscar alternativas”
Quando regressou ao Piauí, virou ermitão e construiu a sua própria casa de praia da maneira mais rústica possível e completamente isolada, sem eletricidade, sem água e nem estrada por perto. Gerson ergueu paredes de taipa, utilizou a palha de carnaúba no teto e esteiras de cipó de macaco. Quando à mobilia, ele diz que usou tudo o que estava à mão para transformar, tudo reaproveitado, era fundamentalmente formado por chaises imensas, também aproveitadas como camas. Resultado: A casinha virou um ícone,e ainda hoje, a Casa da Pedra do Sol é ponto turístico da Praia do Coqueiro.
Gerson ainda não sabia, mas, de uma vez só, virou arquiteto e um arquiteto com seu próprio estilo arquitetônico, que ele gosta de chamar de "Paraqueira", nome que se origina a partir de um apelido de infância "Paraquedas" porque segundo seus coleguinhas "Facilmente, ele se 'abria' de rir" (Só cearences entendem). O fato é que: Descobriu-se que "paraqueira" é também o nome de uma árvore da Amazônia (?). O que atualmente é uma nova proposta de morar de uma nova forma, resgatando as raízes culturais na arquitetura e no design.
Hoje, Gerson Castelo Branco mora em Viçosa, cidade na divisa entre Ceará e Piauí, tem escritório em Fortaleza e uma casa de praia no Piauí. Mantém vivo o espírito aventureiro e o olhar atento para os recursos naturais, e diz que
“De um modo gral, quando eu vou em algum lugar, o próprio ambiente determina 50% do que vai ser a obra.”
Algumas obras:
Localizada em Fortim, Ceará, Gerson combina as maravilhas da natureza com um excelente design, reunindo uma arquitetura tradicional a elementos naturais e artesanais, criando ambientes rústicos e sofisticados.
Você já deve ter visto a casa projetada pelo arquiteto Gerson Castelo Branco diversas vezes em sua casa, em duas novelas das 20h da Rede Globo, e nem se deu conta de que se tratava de uma casa real, habitada por pessoas da vida real.
Sua casa atual em Viçosa do Ceará, a qual já recebeu três premiações, sendo um deles o de Projeto Arquitetônico em Sustentabilidade da Editora Abril, e outro que Gerson considera um dos maiores prêmios de toda a sua carreira, uma publicação de oito páginas na Architetural Digest USA, a mais importante revista de arquitetura do mundo. Nessa casa, Gerson trabalhou com forros de talho de babaçu, telhas de papelão reciclado, a volumetria e o desenho do telhado em asa delta, um trabalho, que chegou a ser comparado com Frank Lloyd Whight (um dos arquitetos norteamericanos mais respeitados).
Casa de Pedra e Sal - Ficou exposta no Museu de Arquitetura de Frankfurt. Lá, Gerson utilizou a as próprias pedras para criar uma linha de fechamento na construção. Como se a pedra completasse a casa.