Páginas

2 de abril de 2012

O modernismo para a noooooossa alegria





Não foi só na política que a década de 1930 foi marcada por guerras e manifestações. Na arquitetura também acontecia uma revolução nos estilos, cores e formas, que culminaram em novos traços e descobertas. Foi um período imensamente rico para a formação de uma linguagem arquitetônica moderna e, ao mesmo tempo, nacional, com originalidade e personalidade. Seus benefícios podem ser vistos até hoje pelas ruas.

As principais edificações desse período são um reflexo da luta pelo poder. Algumas eram grandiosas e desenvolvidas com materiais nobres, como ouro, jade e marfim. Nas construções comerciais havia muitas características do Art Deco, movimento marcado por linhas retas ou circulares, formas geométricas e design abstrato.

Outro processo que marcou a época foi a verticalização das cidades. São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, ganharam arranhas-céus desenvolvidos com estrutura de concreto armado ou aço, amplos panos de vidro e um repertório de elementos como pilotis, terraços e misturas de cores vibrantes com neutras. Era geometria pura, os pavimentos lembravam cubos ou cilindros.

A década também foi importante para a consolidação dos valores e princípios modernistas, que estavam em desenvolvimento há muito tempo - tendo obviamente, como figura central, o arquiteto francês Le Corbusier - em decorrência da industrialização e inovações tecnológicas resultantes da Revolução Industrial. O Movimento foi adotado por Getúlio Vargas logos após a Revolução de 1930 como arquitetura oficial do seu governo, pois o presidente queria veicular sua ideologia populista de progresso. A primeira construção de destaque foi a sede da Associação Brasileira de Imprensa, projetada em 1935 por Marcelo e Milton Roberto, com 11 andares.

Nas casas era possível avistar influências neocoloniais e também as primeiras aparições da arquitetura contemporânea. É nesse momento que começam a surgir os modernistas, como Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Rino Levi e Gregori Warchavchik.

E é com essa mistura de movimentos, formas e ideologias que a arquitetura da década de 1930 entra para a história e contribui muito para o que viria nas próximas décadas. Porém, não apenas o Brasil passava por momentos instáveis, o mundo inteiro enfrentava dias difíceis. Adolf Hitler conquistava o cargo de chanceler na Alemanha. Nos Estados Unidos, Franklin Roosevelt dava início ao New Deal, plano de recuperação econômica na pós Crise de 1929 e, principalmente, começava a se acumular os fatos que culminaram para o início da Segunda Guerra Mundial.

Um marco na arquitetura, como a Casa da Cascata, de 1934, foi transformada em museu. O período de cerca de 20 anos entre as duas guerras mundiais foi de ruptura entre o ecletismo e a arquitetura moderna. Nomes como Le Corbusier e Frank Lloyd Wright deram suas contribuições e apresentaram ao mundo o charme das construções marcadas por linhas retas e minimalistas. Os volumes eram prismáticos, havia legibilidade estrutural e paredes envidraçadas que permitiam uma leitura de como era a ocupação interior, utilizando integralmente os cinco pontos arquitetônicos do modernismo:

  1. Planta Livre: através de uma estrutura independente permite a livre locação das paredes, já que estas não mais precisam exercer a função estrutural.
  2. Fachada Livre: resulta igualmente da independência da estrutura. Assim, a fachada pode ser projetada sem impedimentos.
  3. Pilotis: sistema de pilares que elevam o prédio do chão, permitindo o trânsito por debaixo do mesmo.
  4. Terraço Jardim: "recupera" o solo ocupado pelo prédio, "transferindo-o" para cima do prédio na forma de um jardim.
  5. Janelas em fita: possibilitadas pela fachada livre, permitem uma relação desimpedida com a paisagem.

No entanto, não era apenas de conceitos modernistas que sobrevivia a arquitetura de 1930. Havia uma grande resistência às novas ideias, principalmente na Europa. Basta contemplar os edifícios públicos projetados na época na França, Inglaterra e Itália para comprovar essa história. O classicismo ainda se sobrepunha ao modernismo, principalmente em obras monumentais.